Cada ano que passa surgem promessas de valorização da educação e outras histórias. Além das escolas públicas no Brasil estarem em situação precária, muitas à míngua, o professor brasileiro de escola pública tem o pior salário entre 40 países segundo a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico.A desmotivação é gritante.
A pesquisa ouviu 2.500 docentes e gestores escolares de todas as etapas da educação básica (infantil, fundamental e médio) e das três redes (municipais, estaduais e privados). Nesse sentido a pesquisa peca por generalizar as situações, tendo em vista que professores do ensino privado costumam receber mais do que os do público, apesar de estarem mais suscetíveis a demissões. De qualquer forma, os dados escancaram a situação alarmante.
Durante a pandemia, não foram poucos os professores que tiveram que fazer trabalho dobrado ou até mesmo triplicado, sem ganhar um centavo a mais. Gravando aula, subindo aulas, postando materiais, tudo isso tendo que lidar com os mesmos salários e as sucessivas ameaças de volta presencial insegura.
Com as voltas presenciais, não foram poucos também os professores que contraíram o vírus sem terem sido vacinados, que adoeceram, ou que morreram. Falta de EPIs, imposição autoritária do ensino híbrido, boicote à vacina, esses são alguns dos elementos que contam na balança. Como trabalhar com dignidade diante dessa situação escabrosa?
A reforma da previdência também ajudou a agravar a situação. Estamos vendo professoras de 60 anos, com mais de 30 anos de sala de aula, tendo que se expor ao vírus para poder se aposentar. Com o governo Bolsonaro, então, a situação geral se agrava. Mas a ofensiva contra a profissão não é exclusividade do bolsonarismo e do olavismo; essa ofensiva é patrimônio histórico da elite econômica do país que quer um povo submisso, analfabeto, treinado para empregos de baixa remuneração e com educação precária. Na ponta, está o professor.
Nesse dia do professor, comemoramos conscientemente essa profissão tão nobre, com muito carinho aos educadores sim, mas também com a certeza de que a luta contra todos aqueles que trabalham tão arduamente para destruir a educação crítica, a escola pública, e o conhecimento emancipador tem que ser mantida.