Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Nota de repúdio contra “estudo” acerca do serviço público divulgado no Jornal Nacional

Facebook
Twitter
LinkedIn
WhatsApp

O Sintrajufe Piauí – Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal no Piauí – vem a público manifestar repúdio ao ataque ao funcionalismo e serviço público promovido pela Rede Globo. Em matéria falaciosa veiculada no Jornal Nacional, no dia 10 de agosto, foi afirmado que o governo gastou com salário de servidores públicos federais, estaduais e municipais três vezes mais do que com a saúde. A reportagem levou em consideração o “estudo”, divulgado pelo instituto Millenium.

Com dados destorcidos da realidade, a matéria do Jornal não tem qualquer embasamento e  não corresponde à realidade do Serviço Público. O texto desconsidera as diferenças regionais do país, a particularidade de cada segmento do funcionalismo, sem atribuir o peso do segmento na manutenção e impulsionamento das economias de muitos municípios brasileiros.

Os dados utilizados pelo Jornal Nacional foram obtidos pelo “estudo” do Instituto Millenium com base em números do FMI (Fundo Monetário Internacional). Segundo a matéria, em 2019, os gastos com o funcionalismo público representaram quase 14% do PIB, enquanto a saúde pública recebeu menos de 4%.

O mais interessante é, nessa conjuntura política de retirada de direitos, a postura da grande mídia aliando-se ao discurso neoliberal do governo de Bolsonaro juntamente com seu ministro da economia, Paulo Guedes, que seguem pautando a imprensa sobre “necessidade” de uma reforma administrativa. Essa reforma é uma grande ameaça, pois visa diminuir cargos e servidores, aumentar as contratações temporárias, acabar com gratificações, promoções, adicionais por tempo de serviço e até mesmo o fim da estabilidade no emprego. E tem apoio do presidente da Câmara Rodrigo Maia (DEM).

Diante disso, precisamos desmentir essa reportagem tendenciosa. Primeiramente, é importante destacar que o Instituto Millenium está aliado a uma corrente político-ideológica de viés distorcido e que costuma amenizar os apoios históricos do espectro a ditaduras e regimes totalitários. Em segundo lugar, é preciso destacar que os gastos com saúde e educação são gastos apenas com capital físico, não com trabalho. Ou seja, foram feitos investimentos feitos nas estruturas e na contração de pessoal. Até porque não tem como prestar serviços de saúde e educação sem pagar os salários dos servidores públicos.

Qualquer pessoa não comprometida ideologicamente com a tese do “Estado Mínimo” sabe que os serviços públicos de saúde, educação, segurança e defesa são prestados por médicos, enfermeiros, professores, policiais, bombeiros e militares. São serviços essenciais e atendem grande parte da população que necessita desses serviços, e muitas vezes não tem como pagar; como é o caso da saúde e educação.

Dessa forma, comparar gastos do funcionalismo público com os gastos com saúde e educação, é um erro, pois são áreas distintas que atendem um público específico, em situações diferenciadas e com atuação profissional singulares. Comparar coisas diferentes não é algo nada inteligente, não é mesmo?

E o crescimento demasiado de funcionário públicos? Bom, isso ocorreu basicamente a nível municipal e estadual, sendo fundamentalmente a contratação de médicos, enfermeiros, professores e policiais. Isso é lógico. Os estados e municípios construíram hospitais e UPA’s, escolas, convocaram policiais, compraram viaturas. Sim, houve investimento e isso explica os “gastos”. No entanto, para o capital financeiro internacional, o “Estado mínimo é a solução, afinal, só quem irá lucrar são eles e a população deve ser colocada em segundo plano. Uma tamanha hipocrisia.

O SINTRAJUFE/PI repudia a matéria editada pelo Jornal Nacional e esse estudo a serviço de Bolsonaro e dos governos que querem destruir os serviços públicos. Tal atuação da imprensa presta um desserviço, justificando o fim da prestação de assistência do Estado a todos os cidadãos, principalmente aqueles mais desprotegidos. Aproveitamos para convocar o conjunto dos servidores públicos federais, estaduais e municipais para a luta contra a reforma administrativa.


Sobre o Millenium

O Instituto Millenium está historicamente entranhado no desmonte do Estado e no “desembarque” de pobres e cidadãos “economicamente fragilizados”, das políticas públicas de Assistência e Apoio Social.

São bandeiras do Millenium, entre outras controvérsias, a submissão do Estado às corporações através da implantação do Estado Mínimo e do liberalismo econômico que não vê legitimidade nas necessidades assistenciais das populações mais pobres.