por Pedro Laurentino*
Quando a administração do Tribunal Regional do Trabalho, em reunião com servidores e servidoras, anunciou a contratação do Plano GEAP SAÚDE em substituição à HUMANA SAÙDE para cobertura do atendimento à Corte, houve um misto de desconfiança e incredulidade. A mudança, todavia, mesmo em regime de coparticipação, foi bem acolhida, posto que a HUMANA diminuía, a olhos nus, a sua área de cobertura, descredenciando a galope a rede de clínicas, consultórios e profissionais de saúde, em franco desrespeito aos beneficiários.
A incredulidade deu lugar a um certo alívio, em pouco tempo. A cobertura da GEAP demonstrou-se bem mais ampla e aceita nas clínicas de consultas e exames e os procedimentos rapidamente aprovados, sem mais delongas. Confesso que também me associei ao coro dos contentes do TRT. Isso, até o dia em que precisei realizar uma cirurgia nasal eletiva. A cirurgia chama-se SINUSECTOMIA, para retirada de um pólipo benigno, que vem dificultando muito a minha respiração, causando incômodo em todo a região nasal, afetando progressivamente a voz, o ouvido e até o sono.
O pedido de autorização da cirurgia pelo PRONTOMED ADULTO à GEAP foi encaminhado no dia 06 de maio de 2025. Decorridos mais de 21 dias úteis – prazo máximo concedido pela AGENCIA NACIONAL de SAÚDE (ANS) para autorização de tais procedimentos – a solicitação continua sob análise no aplicativo fornecido pela empresa.
Nesse intervalo, procurei presencialmente por 3 vezes o escritório da empresa em Teresina, liguei para a central de atendimento e solicitei os bons préstimos da COORDENAÇÂO DE GESTÂO DE PESSOAS do TRT, outro tanto. Todos foram muito solícitos, mas o problema permanece. No aplicativo da GEAP, a informação se repete: a autorização da cirurgia está sob ANÁLISE.
Eu, que havia programado realizar o procedimento para o mês de junho, para aproveitar as férias e desfrutá-las com os meus netos em julho, posto que o tempo de recuperação cirúrgico é em torno de 10 dias, vejo-me na iminência de comprometer o período de convivência familiar e prorrogando ainda mais o enorme desconforto que atinge a respiração, audição e fala. Já encaminhei reclamação à ANS, pedindo que adote o seu poder de regulação, fiscalização e, se for o caso, de multa à GEAP pelo descaso e desrespeito às normas e prazos legais. O Poder público não pode e não deve ficar refém de qualquer PLANO DE SAÚDE que, em nome de prestar um serviço de bem estar coletivo e social, mercantiliza o acesso à saúde das pessoas e o seu direito a uma vida saudável, o que deveria ser uma obrigação do Estado, segundo a Constituição Federal.
Estou próximo de completar 70 anos de idade, a partir do que qualquer cirurgia que exija anestesia geral, como a SINUSECTOMIA, tem um risco cada vez maior. Se exponho publicamente essa realidade pessoal aos meus colegas de trabalho – e à própria administração do TRT – é que, para além de denunciar os descasos aos nossos direitos, não podemos nos submeter à condição de sermos tratados como meras mercadorias nessa engrenagem perversa de um modelo econômico que coisifica as pessoas, colocando-nos à mercê dos seus interesses. Sim, os PLANOS DE SAÚDE são todos iguais! A diferença é que uns conseguem ser piores que outros. Mas todos eles visam ao lucro e não ao nosso bem estar.
PELO FORTALECIMENTO E UNIVERSALIZAÇÃO DO SUS!
*Pedro Laurentino é servidor do TRT e dirigente sindical