No dia 1º de abril de 2024 completou-se 60 anos do golpe militar no Brasil, período que ficou marcado por perseguições, cassações de mandatos de parlamentares, torturas, corrupção e assassinatos. No Piauí, o dia foi marcado por atividades políticas com discussão sobre o tema, para resgatar a história e contar pela ótica da geração que derrubou a ditadura e doa atuais lutadores sociais.
Na Assembleia Legislativa do Piaui – ALEPI, ocorreu pela manhã uma sessão solene que lotou o plenarinho. A mesa foi presidida pelo presidente da ALEPI, o deputado estadual Franzé Silva; composta pelo deputado estadual Ziza Carvalho ; a Secretária de Relações Sociais do governo do Estado, Núbia Lopes; o presidente da CUT, Odaly Medeiros; o vice PT PI, Mauricio Solano ; a coordenadora do Diretório Central dos Estudantes da UFPI, Thays Dias; o fundador do Comitê, Memória, Verdade e Justiça do PI, Reginaldo Furtado; o coordenador do Comitê Memória, Verdade e Justiça do Piauí e diretor do SINTRAJUFEPI, Pedro Laurentino, e o ex – preso político e membro do Comitê, Memória, Verdade e Justiça de PE, Edival Nunes Cajá. Também estava presente a ex-diretora do SINTRAJUFEPI, Madalena Nunes.
Após a abertura oficial da sessão solene, os membros da mesa tiveram a oportunidade de fazer o uso da tribuna. Na ocasião, Pedro Laurentino enfatizou: “Discutir o golpe de 64 não é discutir o passado. Só existiu a tentativa de golpe em 08 de janeiro de 2023 porque ainda há impunidade aos golpistas de 64. Tenho orgulho de fazer parte da geração que derrubou a ditadura, mas ela ainda precisa ser sepultada. Ainda hoje a tortura é praticada nas delegacias e a Polícia Militar continua reprimindo os lutadores sociais.”
Um ponto alto da Sessão Solene foi o discurso de Reginaldo Furtado, de 93 anos, que denunciou as artimanhas da alta cúpula das forças armadas, a mando do governo norte – americano e a interferência do capital estrangeiro. Assim como alertou o plenário para a continuidade da luta por democracia e o repúdio a qualquer tentativa de golpe.
Resultado das reuniões preparatórias do Comitê, a organização montou uma exposição de quadros com rostos dos piauienses mortos na ditadura e capas de jornais que registraram os acontecimentos do período. Bem como, foi distribuído uma cartilha “MEMORIAL DA RESISTENCIA E DA DEMOCRACIA”, fazendo o resgate da história de luta e resistência.
À tarde as atividades seguiram no auditório Noé Mendes da UFPI, onde estudantes, professores e servidores lotaram o auditório para a aula pública com Edival Cajá. Na mesa de saudação estavam: a diretora do CCHL, Edna Maria; o professor de Ciência Política, Vitor Sandes; o diretor do CCN, Edmilson Miranda; a presidente da ADUFPI, Maria Escolástica, além de Pedro Laurentino e Thays Dias. Em diversos momentos de emoção, o auditório vibrava com palavras de ordem como “Pela abertura, dos arquivos da ditadura!”, e “Nenhum passo atrás, ditadura nunca mais!”.
Todos aguardavam ansiosos a aula pública de Edival Cajá, que no uso da palavra, ressaltou: “ Neste dia de hoje, 01 de abril de 2024 completam – se 60 anos do golpe militar fascista em nosso país. Aquele golpe implantou a Ditadura Militar, que nasceu das entranhas do governo dos EUA, da burguesia monopolista dos EUA e do Brasil e do alto comando das forças armadas. Por interesses do grande capital, foi elaborado um plano na Casa Branca para derrubar as democracias no nosso continente. Esta ditadura cassou, exilou ,depôs e assassinou o presidente João Goulart. Sequestrou, estuprou e cerca de 8 mil povos Originários foram assassinados. Os dirigentes das ligas camponesas foram assassinados. Na resistência urbana, mataram Manoel Lisboa, Emanuel Bezerra , Carlos Mariguella, Lamarca e muitas companheiras que combaterem contra a ditadura e pelo socialismo.”
Após grande agitação no auditório, Cajá finalizou: “Até quando vão cassar o direito do povo pobre de se manifestar. Precisamos de uma democracia ampla, que se alarde e se aprofunde, onde a classe operária, os desempregados se sintam representados. Democracia onde uns tem muito e outros não tem nada , não é democracia.”